
Mesmo com a inelegibilidade imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desde 2023, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou que seguirá firme até o limite possível. “Vou até o último segundo”, disse em entrevista ao UOL nesta quarta-feira (14), ao falar sobre a eleição presidencial de 2026.
Ao longo da conversa, o ex-presidente cobrou uma postura mais ativa de lideranças da direita em sua defesa. Citou nomes e se referiu ao silêncio de governadores como um ponto de incômodo. “Eu gostaria que os governadores falassem: ‘O Bolsonaro está inelegível por quê?’”, afirmou.
O TSE decidiu pela inelegibilidade de Bolsonaro com base em dois episódios. O primeiro, em 2022, envolveu uma reunião com embaixadores, durante a qual o então presidente lançou dúvidas, sem provas, sobre o sistema eleitoral. O segundo caso diz respeito ao uso da estrutura do 7 de setembro de 2022, no auge da campanha, em benefício próprio — entendimento que levou a nova condenação.
Sem Bolsonaro, quem unifica a direita em 2026?
Ao ser questionado se abriria mão de disputar o Planalto em favor de outro nome, como o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Bolsonaro evitou uma resposta direta. Preferiu comentar os movimentos atuais da direita, inclusive a atuação do ex-presidente Michel Temer, a quem atribuiu um esforço para pacificar o campo conservador.
Ainda assim, manteve o discurso de aguardar o desfecho de seus processos. “Se eu for condenado, acabou. Até pela minha idade, acabou. Espero que não aconteça”, disse.
Tarcísio, por sua vez, tem reiterado publicamente que buscará a reeleição ao governo paulista. “Tenho uma dívida de gratidão com o Bolsonaro”, afirmou em ocasiões anteriores. Bolsonaro devolveu o elogio: “Ele foi excepcional ministro”. No entanto, apontou a inexperiência política do aliado como desafio, usando uma expressão inusitada: “Você tem que aprender a engolir sapo pela fosseta lacrimal”.
A fala reforça a disposição de Bolsonaro em se manter ativo no debate político, mesmo sob restrições judiciais. O cenário, no entanto, segue indefinido.
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