
Morreu nesta sexta-feira (23) Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos do mundo. Ele enfrentava problemas decorrentes de uma malária que adquiriu nos anos 1990. O artista tinha 81 anos e vivia em Paris. Nascido em Aimorés, Minas Gerais, em 1944, este fotógrafo brasileiro transcendeu as fronteiras da arte para se tornar um dos mais importantes documentaristas visuais do nosso tempo. Com sua estética marcante em preto e branco, Salgado não apenas deixa o simples registro: com sua imagem, ele comove e incita à reflexão sobre a condição humana e a urgência da preservação ambiental.
Formado em Economia, com mestrado pela USP e doutorado pela Universidade de Paris, Salgado atuou na área até o início dos anos 1970. Foi durante uma viagem à África, onde coordenava um projeto, que ele teve seu encontro transformador com a fotografia. A princípio, o que era um hobby despretensioso com a câmera de sua esposa, Lélia Wanick Salgado, rapidamente se tornou uma paixão. Depois, vocação.
Entre suas obras mais aclamadas, destacam-se:
- “Outras Américas” (1986): Um registro poético e cru das populações rurais e indígenas da América Latina.
- “Trabalhadores” (1993): Um monumental projeto que retrata o fim da era do trabalho manual em diversas partes do mundo. As imagens do garimpo de Serra Pelada, no Pará, são icônicas.
- “Êxodos” (2000): Uma poderosa documentação das migrações e deslocamentos humanos causados por guerras, conflitos e desastres naturais.
- “Gênesis” (2013): Considerado por muitos sua obra-prima, este projeto é uma odisseia por paisagens intocadas e comunidades que vivem em harmonia com a natureza, um tributo à beleza primordial do planeta.
Ativismo e legado de Sebastião Salgado
Além de seu trabalho como fotógrafo, Sebastião Salgado foi um ativista incansável pela preservação ambiental. Assim, fundou o Instituto Terra, uma organização dedicada ao reflorestamento e à recuperação ambiental na Mata Atlântica, na região do Vale do Rio Doce. O Instituto divulgou uma nota:
Com imenso pesar, comunicamos o falecimento de Sebastião Salgado, nosso fundador, mestre e eterno inspirador.
Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora.
Neste momento de luto, expressamos nossa solidariedade a Lélia, a seus filhos Juliano e Rodrigo, seus netos Flávio e Nara, e a todos os familiares e amigos que compartilham conosco a dor dessa perda imensa.
Seguiremos honrando seu legado, cultivando a terra, a justiça e a beleza que ele tanto acreditou ser possível restaurar.
Nosso eterno Tião, presente!
Hoje e sempre.Instituto Terra
Sua vida e obra foram retratadas no documentário indicado ao Oscar “O Sal da Terra” (2014), dirigido por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, seu filho.
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